Nossa Homenagem ao Patrono do Movimento Transpasses.
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Júlio Resende, mestre pintor português de grande prestígio, formado no Porto e nele residente, vem expor no Brasil. Brasil que marcou uma viragem decisiva na sua extensa obra, a partir de 1971. Foi, para o mestre, uma descoberta. Espera-se que seja também, no Brasil, uma descoberta, a destas cores e destas harmonias que a existência do artista impõe.
Este vai-vem pictório deita raízes fundas nas relações entre os dois Povos. E tudo há que fazer para que melhor se desenvolvam, através de manifestações de grande qualidade que de um lado ao outro do Atlântico devem marcar os 500 anos do Brasil. E de Portugal, que sem o Brasil se não entende, como a obra do mestre Júlio Resende nos explica.
Joaquim Romero Magalhães
Comissário-Geral
O fascínio do Brasil poderá ser explicado pelos sociólogos. Um artista não busca explicação, mas o entendimento terá de submeter-se à experiência viva no confronto imediato.
Desde 1971 essa experiência me persegue na provocação imparável do sortilégio. O destino quis que frequentemente voltasse, agora com uma breve mostra panorâmica da teimosia inveterada do pintor que sou.
As datas de execução, a primeira das quais de 1947, deixam transparecer o meu comportamento face a um mundo em conflitos de vária ordem, inclusive os desvarios estéticos. Uma vida de experiências acumuladas pelos contatos humanos e culturais que motivaram energias, então subjacentes, renovando p equacionar dos meios de expressão. Com razão se poderá afirmar que cada pintura é parte de um contínuo.
O nordeste brasileiro entrou em mim como um desiderato que o destino quis proporcionar.
Abandonado um certo “quietismo” de um princípio imposto pela estrutura ortogonal, o meu gesto veio dar à oblíqua o papel de orquestração de formas, cores, valores e demais meios de expressividade. Não me perguntem como isso aconteceu! Depois da obra feita, o pintor está logo fora de questão e se coloca na situação de intruso…
É assim, no plano de observador que me encontro perante o conjunto que faz desta mostra uma sequência de estados em que a emoção determinou o discurso pictórico.
Segundo Paul Eluard
“A paixão de pintar sempre se assemelhou à de viver. Pelos outros e para os outros”.
Porque a pintura é um arco de amor, este é o primeiro significado posto nesta exposição.
Resende